Meu aniversário de 24 (vinte e quatro) anos está chegando, estou ficando realmente velho, mais dois anos e estou nos meus chamados ‘middle twenties’, ainda muito jovem muitos diriam, mas muitos também argumentariam que teus vinte anos são o ápice da energia, saúde e criatividade.
Existem muitos exemplos de figuras históricas que provam o contrário, mas isso não vem ao caso.
O que gostaria de analizar aqui é: especificamente porque estou pensando nisso agora?
É bem comum aparentemente jovens terem crises existenciais e colocar grande peso em seus futuros e destinos como se sua vida fosse um dramático filme onde cada uma de suas decisões fossem decidir sua vida pra sempre.
Parece que é parte do espírito jovial essa tendência a manifestar suas paixões de formas muito mais violentas que ao mesmo tempo que nos leva a experienciar grandes prazeres, também é grande fonte de sofrimento e desespero.
Estou parado faz alguns meses, sem produzir muito de notável, sem experienciar nada que particularmente vou me lembrar daqui a alguns anos, Estou eu desperdiçando minha juventude? O que eu deveria estar fazendo então? A resposta aparentemente é simples: “Você está desperdiçando se sente que está desperdiçando” Você não deveria estar fazendo nada, e sim fazendo o que quer. Sou eu obrigado a fazer o que eu quero? E se o que eu quero é me auto-destruir? Ao ouvir essa última constatação alguns diriam que estou doente e preciso de remédio.
Mas quem estou enganando, obviamente estou em conflito, eu queria sim estar fazendo outra coisa, sentindo e experienciando qualquer porcaria da vida se não, porque estaria me incomodando em escrever esse troço ?
Valor para os humanos parece ser estabelecido fundalmentalmente através de nossa atenção. Quanto mais atenção individualmente e coletivamente damos a algo, maior valor tal coisa tem para nós. No momento estou cometendo um verdadeiro pecado da preguiça, que se resume a não dar atenção a absolutamente nada. O mundo se torna um verdadeiro inferno, um mar de possibilidades e matéria desordenada, onde minha interface com a realidade se resume a satisfazer necessidades básicas como comer e usar o banheiro. Nada tem valor, não elevo nenhuma parte da minha vida a qual aparentemente não atribuo qualquer significância.
Pensando sobre essa idéia, acho que cheguei ao ponto que estou através do medo.
Dar atenção de certa forma é erguer algo, elevar-lo em nossa hierarquia de valores, e tudo que se ergue, possivelmente pode cair. E quando cai dói. Dói muito. Quando mais alto você eleva algo, maior é a dor na queda. Maior ainda é a dor se ao erguer esse ídolo você pendura todos os seus outros valores nele, e quando ele cai, seu mundo inteiro cai junto. E como voltar a construir seu castelinho de cartas depois que uma queda tão catastrófica? Do que adianta construir algo se vai ser destruido eventualmente? A lição aqui parece ser que temos que arranjar ídolos mais estáveis para elevar, ou será que é possível ver sua vida desabar diante de seus olhos e não chorar? Se eu não chorar e simplesmente continuar andando será que eu realmente dava esse valor todo ao meu castelo? Provavelmente não. No fim será que estou construíndo na direção certa? Será que todos esses castelos são falsas perseguições? Qual seria a verdadeira?
Não sei, mas espero ter coragem logo, aos poucos sempre, um pequeno passo de cada vez, uma pedrinha por dia, quem sabe um dia eu possa estar contente em morar no castelo que eu construí.